terça-feira, 26 de abril de 2011

Chico LUCIANO LIMA Becker


essa aí passou!

essa aí passou!

essa aí passou!

heheh

Falar em trânsito... passa boi, passa boiada.

Tem que ver que tem mulher que é de parar a avenida; quem mora na aldeota sabe, e é por isso mesmo que lá é tão engarrafado...

Não nos venham pobres intelectuais dizer que a Aldeota é o centro expandido, não, não é mesmo; no centro se vc for dar chance pra cumade passar ela vem à janela do seu carro dizendo: Dez o Boquete, 20 o pógrama, 30 completo, 40 com quarto, 50 sem camisinha e por aí vai até onde sua imaginação conseguir chegar...

Essas previsões e pré-definições dos arquitetos urbanistas só acompanham as transformações no espaço e muitas vezes esquecem o lado sociológico da coisa.

No Centro, a noite, as vitrines são os vidros fechados dos automóveis. Você passa e é visto, só falta saber o seu preço... o contrário do que ocorre na aldeota.

Na aldeota, veja só: se vc interpela uma puta no meio da rua, ela só falta se passar por donzela, rsrs... -O quê? Você deve estar me confundindo. Não estou te entendendo... se você continuar a me perguntar em público quanto é o programa eu te processo!

E o cara diz: -Passa, fia... (querendo na verdade que ela ficasse [só mais um pouquinho] com você).

CRONISTAS CRÔNICOS!

Inauguro agora a coluna de cronistas convidados.
Sinta-se à vontade de me enviar crônicas (ou não) sobre o que bem entender.
Ficarei lisonjeado com sua participação neste blog.

domingo, 17 de abril de 2011

HOTEL CARUA e outras desventuras


04. O Retorno (do Jed-ai!)

Bom, cheguei no “hotel” escrevi um bocado pro “futuro blog”, pedi uma água com gás, que veio quase morna, e descobri a (falta de) qualidade do colchão assistindo o Náutico em casa levar de três do Vasco enquanto ia cochilando.

Acordei no dia seguinte que nem Condor! Com dor nas costas do colchão requenguela, com dor no Seu Vizinho que reverberava no pé todo e com uma dor de cabeça daquelas – por que será? Rotina do banheiro, me arrumei, ajeitei as coisas todas pra ficar em ponto-de-bala pra sair depois do almoço e desci pra tomar o café-da-manhã incluso na estadia.

Tinha uma carne no molho com pimentão e cebola que eu fiz a infelicidade de provar e me rendeu cinco minutos e cinco palitos quebrados pra tirar um nervo de entre os dentes molares; uma salsicha que pela cor eu devia ter sido mais precavido; inhame ou batata doce, não pude precisar o que boiava numa água morna; um cuscuz molhado não sei do quê; tapioca fina e dura de fria, fatias de presunto e queijo mal apresentadas, bolo fofo que não testei a fofura; e pedaços de pão carioquinha e sovadinho. Não provei de tudo e nem passei mal com a refeição. Fiquei no lucro.

Por fim, fui trabalhar e voltei no “hotel” pouco antes da hora do almoço e deixei esta experiência ma-ra-vilhosa pra nunca mais. Comuniquei Letícia que Hotel Caruaru não é satisfatório e a proximidade dele à obra não compensa as desvantagens na hospedagem. Dei o nome dos outros hotéis que estão os outros prestadores de serviço e voltei pra Fortaleza do mesmo jeito que fui.

Rendeu-me uma história. Vou fazer uma coluna de crítica de hotelaria. Pfuuu! Melhor colocar no É MAIS OU MENOS ASSIM QUE EU ME LEMBRO.

~*~


HOTEL CARUA e outras desventuras


03. O Jantar

Peguei uma carona na volta e pedi que deixassem no Hotel Carua. Rendeu boas risadas quando eu expliquei.

Passei pelo ritual de me banhar e vesti uma roupa leve pra procurar um canto pra jantar. Peguei a carteira do CREA e R$ 40,00 e fui atrás de um sanduíche; tive medo de assalto, era 20:00 e já tinha uma garota (ou garoto, sei lá) de programa. Ali depois do posto de gasolina, no Fulano das Coxinha, disse o gerente. Achei uma pizzaria simpática pouco depois do posto e entrei.

Perdi uns minutinhos paquerando o cardápio que o garçom trouxe. Escolhi uma massa que eu poderia montar com cinco ingredientes à minha escolha. Garçom! Esse prato saiu do cardápio, e apontou pra parede onde estava a marca de um quadro ausente, e riscou um “x” vermelho no cardápio. Mais uma paquera, enchi a boca d’água com a descrição do filet àlgumacoisa. Garçom, isso aqui, o 516, e uma cerveja também, mas a cerveja tu traz logo. Ele vai levando o cardápio, ele volta, Senhor, sinto muito, mas não está saindo filé agora. Então me diga o que eu devo pedir. Não, o resto está saindo. Sem cardápio agora, Hummmmm peixe ao molho de camarão. Ok, e se vai. Mais dez minutos e Garçom, Cadê a cerveja? Ahh, esqueci, me desculpe, vai e volta com geladinha que eu costumo tomar antes de comer, e não durante. E um minuto depois, lá vem o prato. Ok. Hum, a cor não é o que esperava... pedacim de peixe, humm, levanto o peixe, Camarão, fiu-fiu, camaraaaão... Necas de Pitibiriba. Garçom, o que tu entendeste que eu pedi? Humm, filet... ao molho... hum... de... coco.? Inspira, expira... inspira... cof-cof, fumaça! Camarão, véio, ao molho de camarão. Sinto muito senhor, deu tudo errado no seu jantar. É nada! O senhor quer que eu troque, e o polegar já tava quase no molho de coco, que era vermelho! Naaaã, deixe aí, já tô nas últimas. Dono vem e vai o tempo todo, desliga o ar, abre as portas de vidro temperado, a fumaça já tomando de conta. Desculpem-me, mas tivemos um entupimento na chaminé...

HOTEL CARUA e outras desventuras


02. O Hotel

Foi aí que vi o letreiro. Pronto, me lasquei!

De cara só achei descuidado. Putz! Um HOTEL que deixa seu sorriso desdentado! Aí, eu fui atendido com muita simpatia e amabilidade. Ahhn, foi só impressão. Assina aqui que o Senhor tem ciência que só poderemos prolongar sua estadia até sexta-feira (era quarta). Plim, um camareiro bem gentil apareceu e perguntou se podia levar a minha mala. Por aqui, por favor. E subimos uma escada tão larga e suave que dei graças-a-deus a mala pequena e meus somente 100 quilos. Mais um pouco e ficávamos eu e a mala. Puf-puf! Degrau escroto, curto e alto. Acho que era uma cerâmica de 20 x 20 cm tanto na profundidade como na altura do degrau verde musgo com rejunte de argamassa aparente de uns 2 cm.

Ok. O quarto... sabe gente, eu sou arquiteto. Uma das artimanhas legais de se criar um terceiro quarto num “apertamento” sem perder muito da área já diminuta é o nomear depósito no ato da aprovação do projeto. Atire a primeira pedra... Eu paguei por todo depósito ou escritório/quarto ou quarto de serviço, onde embutimos a coitada da empregada, que eu já projetei na minha vida. A culpa é do apelo comercial! É, tu fazes por que te dispões a fazer; se quisesse podia perder o cliente, o pagamento etc.

Bom. O carinha achou que tinha que entrar na minha frente e me mostrar a cama, o armário, a TV, o banheiro, O chuveiro tá na posição verão. Fiquei pensando que ele ia pedir gorjeta, olhei ele nos olhos, Obrigado, já fechando a porta de madeira com “alisar” de perfis de alumínio!? O chaveiro uma placa de madeira que devia ressaltar a rusticidade do local. Deve ser pra não saírem com as chaves.

Então eu olhei em volta. Abri os braços e toquei as duas paredes laterais! O quarto devia ter uns 1,70 m por 2,70 m. O banheiro, paralelo a ele, a mesma extensão e somente 1,00 m de largura. Pia no meio, sanitário com caixa acoplada quebrada e remendada com durepox; a porta abre pra fora que pra dentro mal consigo passar entre a pia de bancada de granito verde Ubatuba e a parede pra ir ao vaso, como assento plástico quebrado, destes que beliscam a bunda da gente; cortina de plástico que não encostava no piso verde musgo igual a todo o resto do hotel, cerâmica até a metade da parede até no box. Janelas todas com vidro jateado muito altas pra mim e fechadas com cortinas tipo blackout.

Ventilador de teto extremamente barulhento que quase decepa minhas mãos quando me espreguicei. Cama de solteiro com colchão daqueles que se sente o estrado nas costas, mesa lateral com 40 cm (não podia ser maior), duas cadeiras (?), criado-mudo, armário cuja porta não abria toda pois batia nos pés da cama e, la pièce de resisténce, TV 14” sem controle remoto!!!

Tinha pouco tempo. Ia banhar e sair pra obra pra dar tempo de analisar o local e conhecer os responsáveis antes do almoço. Tirei o sapato pisando no calcanhar como todo bom gordinho, desabotoei os jeans e foi aí que resolvi sacudir os pés pra perna da calça descer... CRECK! Tasquei o Seu Vizinho no pé da cama! (pode ter feito um barulho diferente, tipo PROCK, TRECK... deu pra captar a mensagem!) Pra não ficar igual comédia pastelão tipo Steve Martin ou Peter Sellers, eu não saí pulando num pé só e quebrei o vaso nem caí pra trás, mas me encolhi e massageei pensando em coisas fofas, CARALHO, QUARTOPEQUENODAPORRA, ☠!!! Ufffff!

Fui beliscar a minha bunda, banhei no chuveiro-elétrico-posição-verão que descobri, jogava um jatinho de água pra cada lado dos poucos furinhos que ainda não estavam entupidos. Usei o sabonetinho do “hotel”, a minha toalha mesmo, me vesti e fui pra obra.

HOTEL CARUA e outras desventuras


Um doce pra quem disser onde é este hotel!

Oxe! Vou ter que distribuir muito chocolate nesta Páscoa! Acertaram: em Caruaru. O “RU” da placa luminosa de acrílico do hotel é só a capa de apresentação desta pousada meia-estrela que chamam de Hotel Caruaru.

Ninguém me mandou me hospedar lá. Fiquei lá porque foi lá que Letícia reservou. Ela por sua vez recebeu a indicação da administração da obra que lá fui ver.

01. A viagem

A Novela começou na segunda-feira. Quando Mariana soube que eu iria pegar o vôo pra Recife na manhã seguinte pela TAM, na mesma hora ligou pro meu cunhado perguntando se era no mesmo que iria, e era. Combinamos que ele me pegaria às 6:00, vôo às 7:00, check-in pela internet, impressora sem cartucho.

Fayerton me pegou num táxi lá pelas 6:15. Clima chuvoso que tinha varado a madrugada. Pegamos a BR-116 e num pulinho subimos o viaduto que ia pro Aeroporto. Ali, descendo o viaduto, a cinco minutinhos do Pinto Martins, um alagamento impossível de passar. O taxista pensou rápido, desceu a alça, pegou a BR de novo no sentido contrário e fomos dar a voooooooolta pelo outro lado. Encurtando a história. Chegamos 6:55 e eu perdi o vôo. Meu cunhado que já estava com o check-in impresso se safou sem despachar a malinha de rodinha que ele levava. Ficou mortificado achando que a culpa era dele. Eu acho que era da infeliz-sem-boa-vontade que atendia no guichê da TAM que deve ser orientada para não ajudar ninguém.

No dia seguinte, 6:00 eu estava no Aeroporto. Letícia imprimiu o check-in de ida e vinda no escritório. Despachei a bolsa “são-só-night”, comprei uma Super e fui!

Cheguei n’O Recife (como eles gostam de falar), mandaram a gente pra esteira errada, peguei o táxi do Gilson, que já me esperava com o A4 impresso com meu nome, e fui pra Caruaru. Uma hora pra sair do Recife, outra para chegar à cidade.

PASSA 1


Faz um tempo que eu penso nos diversos episódios de trânsito que passo ou que ouço dos meus amigos e familiares...

Pronto! Um blog de trânsito! Preciso de um nome de efeito!

Vou falar de um jeito engraçado, ou não, do que eu considero o pior motorista do mundo, o cearense! Obviamente que a minha capacidade de comparação não vai muito longe, mas opiniões não precisam ser abalizadas; podem estar influenciadas por um sem número de sentimentos e impressões mal formadas... Mas aí, que não pode ter motorista pior!

Não é uma questão de não saber dirigir, é principalmente falta de educação e egoísmo extremo! Mas vá lá! Como dizia Jack, vamos por partes.

O que é saber dirigir?

Aí eu vou pedir ajuda pros cidadãos que sei-lá-por-que-fatalidade-do-destino resolveram me ler. Podia ter feito uma pesquisa aprofundada, comprar um daqueles manuais com os quais a gente estuda pra tirar a carteira, pesquisar no Goolge: “o que é saber dirigir”, podia, mas será que é tão difícil assim ter bom senso pra responder esta pergunta? Aparentemente não, mesmo que neste caso o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” nunca tenha sido tão aplicado. Ainda assim eu gostaria de ouvir outras opiniões além da minha.

Acredito que dirigir é, antes de tudo, um ato social. Existem as tem leis, mesmo que discordes delas; e tem o convívio com outras pessoas, mesmo que pra botar o “cotoco” pra fora da janela e gritar PAUNOCÚ, FILHODAPUTA, IMBECIL (barbeiro caiu em desuso – vale aqui a busca da origem do elogio); precisa mais do quê pra definir o que diferencia uma pessoa normal de um sociopata?

Exatamente! A maioria dos cearenses, e aí o leitor de outro estado pode estar dizendo Aqui é igualzinho, uma vez que entram atrás de uma direção, e às vezes no banco do carona também, se tornam verdadeiros sociopatas! Tipo o desenho animado da Disney com o Pateta: O Senhor Andante e o Senhor Volante ⇨.

Saber dirigir é saber conviver com leis e com o direito dos outros. Além disso, cabe a cada um ser gentil, ou não, tentar ajudar, ou não, alguém que não consegue entrar numa avenida engarrafada, mesmo que seja um Corcel 2 fudido, fumacento e barulhento, dirigido por um caboco que parece que acabou de sair da limpeza de uma fossa (não temos chaminés por aqui) e que esteja olhando com dificuldade por cima de uma direção gigantesca! Deixar passar uma loirinha com cabelo feito chapinha e óculos escuros maiores que a cara, que me lembram a Kelly Key, é muito fácil! Vai gatinha, passa. QUALÉ? Tu achas realmente que vais fazer ponto com uma mina que no máximo tu vais ver o cocuruto por cima do encosto do banco dianteiro dela por uns cinco minutos? Isso tem de valer pra todo mundo. Depois tu consegues emparelhar e descobre que é um surfista parafinado de traços andróginos e que, pra teu azar, ainda sorri pra ti! Aí tu viras a cara e faz de conta que não é contigo: abre sinal, abre sinal, abriu! VRUUUUMMMMMMM.

É. Foi pensando nessas e outras que resolvi lançar a campanha:

Passa 1

Sei, sei: três-três-passará. Mas a campanha, com ou sem adesivo no vidro lateral, que no de trás o indivíduo que vai entrar na rua nem conseguirá ver, é deixar passar pelo menos um carro quando tu te encontrares nesta situação. Não é deixar passar vários carros, senão tu prejudicas a fila onde estás que provavelmente é muito mais densa. Se cada um fizer isso, com bastante paciência no coração, isso pode ser somente o passo inicial para uma mudança de atitude do motorista cearense.

Será? Pode ser que não seja o bastante. Pode ser que não dê em nada. Mas e daí? O que tu tens a perder? Pode ser que o carinha está atrás de ti não tenha a mesma disponibilidade, pode ser que tu não consigas comover nem o motorista beneficiado, mas devagarzinho isso vai mudando, e tu estarás fazendo a tua parte.

E aí? PASSA 1?

~*~

FUI EU, PAPAI


Devia ser 1978, segundo o meu pai. Havíamos acabado de chegar à praia, provavelmente do Olho D’água, e começamos a descarregar o carro. Acredito que não me incluíram neste afazer.

Peraí! Estou pulando algumas partes. A família tinha acabado de crescer com o nascimento da caçula, a Mariana, nem um ano completo; eu estava com quatro; Alexandre com seis; Ângela com sete. Morávamos em São Luís do Maranhão desde 1973. A viagem de ida foi no dia do aniversário do Alexandre, 16 de junho. Teve até “Parabéns pra Você” no avião, diploma de piloto-mirim que mamãe guardava até outro dia.

Papai recebeu um convite quando ainda estava na Faculdade. Resolveu uns problemas em um condomínio de casas em São Luis que não conseguiam vender. O problema é que as casas eram feias; imagine dezenas de casas idênticas e pavorosas lado-a-lado! Eu fiz quatro propostas de alterações nas fachadas e elas venderam que nem água. Não havia arquitetos em São Luis, buscaram um na faculdade mais próxima, em Fortaleza. Papai era estudante de engenharia civil quando entrou na primeira turma da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará, ato que eu viria repetir 27 anos depois. Conta que eles foram à recepção, uma mesa na entrada onde se sentava o saudoso Nogueira ⇧ e pediram pra falar com um estudante. Mário! Ele ia passando quando o Nogueira chamou. Acaso? Destino? Nasci Ludovicense.

Nesta época já estávamos morando numa casa que o Papai projetou. Eu adorava aquela casa. Mudamos-nos antes do fim da obra. Nós seis mais a Datinha, uns 15 anos, Maria das Graças de batismo, nossa babá, e o King, um pequinês com traços de maltês que era o meu xodó. Um belo dia, não posso precisar a razão, me pendurei no varal do quintal. Obviamente que, por mais leve que eu fosse, ele cedeu com roupa e tudo. Escondi-me estrategicamente em lugar nenhum e quando questionado sobre o ocorrido culpei descaradamente o mestre da obra, Foi o Baxim. O indivíduo em questão devia ser pouco mais alto que eu, mulato de bigodinho rodateto-de-beiço (deve ter um nome certo de chamar isso), tinha um sorriso maior que ele. O resultado foi que emprestei seu apelido. Ahh, foi o Baxim, né!? Pronto, Baxim até hoje! Pra melhorar, não cheguei nos 1,70 m. A palavra é forte.

Naquela época, o esquema da praia era o “farofeiro”: você levava tudo, inclusive as cadeiras e guarda-sóis. Levávamos isopor com bebida e comida, brinquedos, bola, toalhas etc. Não havia barracas de praia, o carro ia pra areia. A maré desce muito e deixa uma faixa gigantesca de areia úmida compactada. Ninguém por perto. O mar, uma piscina infantil de dezenas de metros de largura. Em suma, um paraíso.

Um arbusto costeiro dava o “maracá”, tipo umas cascas de amendoim pretas e lisas com sementes pequenas que, quando secas, nós colhíamos e sacudíamos como guizos. Outro dava a “caneta do mar”. Eram frutos não comestíveis com forma de berinjelas bem magrinhas e pontas finas como canetas que usávamos pra desenhar na areia lisinha que tinha acabado de secar. Estas a gente não colhia, o mar trazia ou já estavam ali, só pra gente catar.

Ele conta que, tendo descarregado o carro e armado o circo, viu um cachorro recém desenhado na areia e achou de boa qualidade. Querendo parabenizar o(a) autor(a) chamou a mais provável artista, a Datinha. Graça, foi você quem fez este cachorro? Não fui eu não, Seu Mário. Hum. Ângela. Minha, filha, foi você que desenhou este cachorrinho? Neste momento ele sentiu um puxão na perna da bermuda, só pra ver um pitoco de cabelos loirinhos cacheados já cobertos de areia. Fui eu, papai. E ali estava eu, desta vez assumindo culpa em alguma coisa. Foi, meu filho? Desenhe outro cachorrinho pro papai. E em pouco tempo o primeiro cachorro tinha um irmão gêmeo.

Foi aí, meu filho, que eu notei que você já sabia desenhar melhor do que eu.

~*~

É MAIS OU MENOS ASSIM QUE EU ME LEMBRO


Notei que escrever um blog substitui a necessidade de psicoterapeuta Junguiano (que merda de palavra escrota de escrever!), e pode até ser melhor! Alguém pode escrever um comentário! E mais, tu podes até filtrar o que quer publicar. Ahh, psicólogofidu’aégua lá sabe porra nenhuma! Snif!

Não se gasta dinheiro, o tempo que se perde é o mesmo, e não se fica com aquela sensação de conversar com um manequim ou um boneco inflável que tem de ser bombeado aqui-e-acolá e a cabeça fica balançando pra frente e pra trás (ref.: Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu! - http://www.imdb.com/title/tt0080339/, com o recém-desencarnado Leslie Nielsen) ⇨. 

Pensando nisso, resolvi criar uma coluna chamada: É MAIS OU MENOS ASSIM QUE EU ME LEMBRO, onde conto episódios que recordo ou que me contaram da minha infância, adolescência e juventude, eu com 37 posso dizer que já passei disso.

Lembrei-me agora que a definição de “coroa” vai mudando com idade da gente. Acho são dizer que “coroa” tem sempre mais-ou-menos a idade da mãe da gente. O Carlos, 18, soltou que A coroa tinha uns 28 anos. Rá! Letícia, 40, gritou de lá Cuméqueé, Carlos? O menino ficou verde! Menino de 18. Há!

Putz! Eu sou coroa! Então posso dizer que estou capacitado a começar a escrever as minhas memórias (o Conde me deu esta idéia há uns 12 anos - http://vlenine.blogspot.com/). E como diz o título, elas são do jeito que lembro agora: falhas ou incompletas, falsas ou verdadeiras. Por isso que pessoas que passaram por uma mesma situação lembram-se delas de maneira diferente, influenciadas por seus sentimentos naquele momento ou na hora que está se lembrando do fato,

Então decidi começar logo a escrever. Daqui pra pouco não serão memórias, mas esquecimentos. Se eu deixar pra escrever com 70 anos, se eu chegar nesta idade, é mais provável que já não lembre direito de metade do que hoje lembro. Fora o quanto extrair estas lembranças vai ser prazeroso e construtivo pra meu autoconhecimento.

E tudo isso sem pagar nada!

E SE UM DIA EU FOR ESCREVER UM BLOG...


Após um episódio de Fringe que não podia me arriscar a perder mesmo tendo de acordar 04:30 da manhã pra ir pro Aeroporto viajar pra ver uma obra em Caruaru, fui deitar pouco depois das 23 h.

Redefini o alarme do celular em 15 minutos, como se fosse fazer toda a diferença no sono exíguo, só pra ver o celular acusar:

TEMPO ATÉ O ALARME: 4 HORAS E 17 MINUTOS!

– AARRGHH!

Decidi que desta vez não leria nada e nem faria uma direta de palavras cruzadas. Mijadinha pra não me acordar com a bexiga espocando-pelo-pito no meio da madrugada; escovo os dentes (xixi-dentinho! - como a gente sempre fala pra Marina) e me acomodei lentamente na cama pra não acordar a Letícia, mesmo sabendo que eu podia dar um beijinho, contar o resumo do episódio que eu tinha acabado de ver, ela se levantaria e iria ao banheiro também, depois deitaria e reclamaria no dia seguinte que eu não tinha dado o beijo de boa noite, que nem tinha me visto ir dormir!

Limpei a mente... pfuu! Não consegui parar de pensar num milhão de coisas diferentes: nas desventuras da minha infância e da vida adulta, no trânsito da cidade, críticas de cinema, crítica literárias, dos hotéis em que me hospedo quando eu viajo, blá-blá-blá!

Carneirinho que é bom, nada.

Só me resta escrever logo, em qualquer lugar e, se um dia eu for escrever um blog, já tenho algum material. Quem sabe um livro? Quem sabe uma cadeira na ABL? Um Nobel? Sonhos... ZZZZZZZZ.

~*~