quarta-feira, 15 de abril de 2020

Fúcsia!


– Ahhhhhdalbertoooooo!  O grito transformado em meu nome ecoa em todos os cômodos do apartamento.

– Que foi meu amor? Chego esbaforido mais do susto que da carreira de cinco passos. Uma aranha? Uma barata?

– Não! Aqui, ó! Diz ela com uma cara de choro apontando pra própria região púbica.

– Se tacou na quina da pia? Se cortou? Continuo tentando descobrir a razão do grito, feliz por não ser nem a aranha nem a barata.

– Um pêlo! As lágrimas já surgindo.

– Bom! Geralmente eles nascem nesta região na época da adolescência...

– Não! Um branquinho, aqui, ó!

– Ahn, sei! Esta é outra coisa que aparece com o tempo. Contemporizo. Destes eu ainda não tive, mas veja, minha cabeça já tá grisalha e você tem alguns cabelos brancos nas têmporas.

– Tenho sim, mas são poucos e eu arranco!

– Pois arranque. Mulheres fazem isso com naturalidade! Eu mesmo acho uma tortura incomparável! Parece até com uma tirinha antiga do Angeli, a Rêbordosa pendurada de pernas abertas e alguém arrancando seus pentelhinhos com pinça um por um.

– Não é isso! É que é só o começo! Depois desse vão aparecer vários!

– Meu amor, ligue não. A Minha barba tá ficando branquinha e já achei até uns branquinhos até nas minhas narinas.

– Mas você é homem! Homem não liga pra isso! Mulheres sempre pintam os cabelos quando eles começam a esbranquiçar!

– Pronto! Pois pinte!

– Pintar?

– Sim! De fúcsia! Eu nunca vi um pipiu fúcsia!

– Você tá me gozando!

– Não, sério! Aí eu tiro uma foto e coloco na internet com uma chamada assim: o Pipiu Fúcsia! Milhões de acessos! Vendo uns banners, ficamos ricos!

– Sai daquiiiii!

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