domingo, 1 de maio de 2011

BRINCADEIRINHA DE SUSTO


05. Aracnofóbicos

Aracnofóbicos são um prato cheio. Hehe! E pra minha sorte, tenho dois amigos que sofrem deste mal, e o melhor, amigos o suficiente pra eu poder fazer das minhas repetidas vezes sem que eles me dêem uma porrada e nunca mais falem comigo.

O primeiro foi o Cláudio. Ele conta que tem uma vaga lembrança de, quando pequeno, acordar com uma caranguejeira andando calmamente no pescoço dele; ele imóvel, o pescoço ardendo, sem conseguir gritar nem fazer nada. Isso foi na casa dos pais dele no Bom Jardim, e foi pra lá que eu levei o K7 quando aluguei o recém chegado na locadoras, Arachnophobia. Se eu tenho pena? Éééééééé... um pouquinho, lá no cantinho à esquerda do ventrículo direito, pode ser. Eu senti mais-ou-menos quando eu construí uma aranha de Bombril; ou quando eu o convenci a assistir o filme totalmente à contragosto; quando eu notei os nós dedos deles brancos na mão mulata de tanto apertar o assento da cadeira; quando escorreu o suor frio pelo canto da testa... Preparação, paciência, e na hora que o Jeff Daniels entra num celeiro atrás do ninho, a aranha pula da minha mão no pescoço dele! O grito que se seguiu me matou de vergonha. Ele parou, olhou pra mim com os olhos semicerrados, e eu tive outra canseira pra convencer ele a ver o filme até o fim. Era o mínimo que eu podia fazer.

O Dráulio é um cába-macho pernambucano que perde a compostura quando se trata de aranhas. Não tem nenhuma historinha traumática pra contar e isso porque ele sozinho daria uma coluna de histórias pra contar. Havíamos montado um escritório juntos com meu pai. No dia anterior Marina havia ganho uma teia de nylon com diversas aranhazinhas de plástico que não enganariam um velho míope, mas conhecendo a figura rapidamente engendrei a pegadinha; peguei uma das pretinhas e um pouco de teia. Chegamos mais cedo, coloquei a bichinha debaixo do teclado do computador dele e a teia saindo de lado. Simples: ele vê a teia, puxa e vem a aranha. Não pude acreditar que na hora que ele chegou o papai estava vendo um vídeo no YouTube sobre um concurso de cassino onde ganhava uma ferrari quem comesse uma aranha-escorpião viva! Eu, Olhaí, Dráulio! Ele, Eu morria de fusquinha. Concordei. Ele sentou, ligou o PC  e começou a trabalhar. Mas que porra, vou ter de ajudar. Que mesa suja cara, limpa esse teclado aí. Ele levantou e soltou num estrondo e empurrou a cadeira de rodinhas batendo de costas na parede do outro lado da sala. Caímos todos na gargalhada, eu, Letícia e até o papai. Mesmo depois de ver a aranhazinha plástica ele ainda se assustava com ela por ali por cima da mesa.

Pura maldade? Nãaah! Tratamento psicológico intensivo. Se eles estão curados? Venhamos e convenhamos, eu sou um bom arquiteto.

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