domingo, 1 de maio de 2011

BRINCADEIRINHA DE SUSTO



03. Seguindo os passos

Eu e meu irmão mais velho, o Alexandre, seguimos o mesmo rumo. Nossas vítimas preferidas eram obviamente a Ângela e a Mariana, nossas irmãs respectivamente mais velha e mais nova. Entre as manias que herdaram de minha mãe estão o nojo de cebola e pavor de baratas. Não escapei muito do primeiro nem do segundo.

Uma vez, mexendo na mochila da Mariana, uma barata saiu de lá, subiu pelo meu braço e entrou na manga da minha camisa. Corri aos pulos pelo corredor da casa da Vovó Rosália tirando a camisa de botões pela cabeça diante de uma plateia superdivertida. Ok, deixe estar.

Entrou uma barata na sala da vovó. Nesta época morávamos todos lá. Eu, minha mãe, minha avó, Tio Léo e meus três irmãos. Rapidamente a pestinha sumiu. Alexandre me chama no canto. Pegamos uma borracha daquelas antigas de duas cores, azul de um lado e vermelha do outro, amarramos uma linha de costura preta da minha vó e fomos lentamente pra trás do sofá no meio da sala onde estavam as duas meninas assistindo à novela. Alexandre “voou” a borracha diante de seus olhos enquanto eu gritei Olha a barata voadora! Gritos e escândalos rápidos e eficientes. Estávamos só engatinhando.

04. Sem querer

O Yuri vai ter de me perdoar mas vou ter de contar o que deve ter sido o susto mais efetivo sem querer que já dei em alguém na vida.

Morei bastante tempo na casa da D. Valderez, minha avó paterna, no centro da cidade. Morava também com ela minha Tia Rita Helena e meu primo Yuri, com uns dez anos de idade na época. Nesta noite dormiu lá em casa, no meu quarto, que era o de hóspedes, a Tia Auri, uma velha que devia ter uns cento e cinquenta anos e roncava com um trator de cento e cinquenta anos. O Yuri, que era bem rechonchudinho, arranjou um par de pedaços de antenas de alumínio e resolveu usar de baquetas. Ele batucava em tudo. Eu fui deitar cedo que tinha aula no primeiro horário da faculdade no dia seguinte. A Tia Auri ROOOONC! O Yuri BATE-BATUQUE-BATE-BATUCA! E eu nada de dormir, puto! Aí eu ouço Terezinha, vamos comigo ao banheiro? Como toda criança mimada que tem medo de escuro, o menino pedia pra Secretária o acompanhar ao banheiro e ficar do lado de fora da porta, que era vizinha da porta do meu quarto, que ficava nos pés da cama onde eu estava deitado. Até aí não havia nenhum problema. Só que o fi-da-minha-tia resolveu batucar todas as portas do corredor até chegar no banheiro, uma artimanha pra espantar o medo, penso. PROTOPOC na primeira porta. Yuri, tem gente dormindo! E a Terezinha foi devidamente ignorada. PROTOPOC na segunda porta. Eu sentei na beira da cama e segurei o trinco e abri abruptamente a porta e botei só minha cara pra fora e “gritei” baixo e grosso, Pára com isso seu pôrra! E fechei a porta. Foi tudo muito rápido. Não tinha intenção de lhe assustar mas de apenas parar com o barulho. O Yuri estava com as duas mãos erguidas pronto pra batucar na porta do meu quarto quando eu o interrompi. Ele se encolheu com um grunhido UNNHH... já começando a chorar e se mijar ali mesmo nas calças. A Terezinha, se mijando também num misto de choro e riso, Não tem graça não, Fabiano! Não consegui reprimir o riso enquanto eu tentava novamente dormir. Não houve um único batuque sequer o resto da noite.

2 comentários:

  1. Kkkkkk
    Eu lembro!
    A Terezinha! é a nova!
    Lembro dela tirando a chapa que eram os dois dentes da frente pra me fazer medo!

    Mas eu mereci o susto... pena que morreu ali meu sonho de virar um rockstar! kkk

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