domingo, 17 de abril de 2011

HOTEL CARUA e outras desventuras


02. O Hotel

Foi aí que vi o letreiro. Pronto, me lasquei!

De cara só achei descuidado. Putz! Um HOTEL que deixa seu sorriso desdentado! Aí, eu fui atendido com muita simpatia e amabilidade. Ahhn, foi só impressão. Assina aqui que o Senhor tem ciência que só poderemos prolongar sua estadia até sexta-feira (era quarta). Plim, um camareiro bem gentil apareceu e perguntou se podia levar a minha mala. Por aqui, por favor. E subimos uma escada tão larga e suave que dei graças-a-deus a mala pequena e meus somente 100 quilos. Mais um pouco e ficávamos eu e a mala. Puf-puf! Degrau escroto, curto e alto. Acho que era uma cerâmica de 20 x 20 cm tanto na profundidade como na altura do degrau verde musgo com rejunte de argamassa aparente de uns 2 cm.

Ok. O quarto... sabe gente, eu sou arquiteto. Uma das artimanhas legais de se criar um terceiro quarto num “apertamento” sem perder muito da área já diminuta é o nomear depósito no ato da aprovação do projeto. Atire a primeira pedra... Eu paguei por todo depósito ou escritório/quarto ou quarto de serviço, onde embutimos a coitada da empregada, que eu já projetei na minha vida. A culpa é do apelo comercial! É, tu fazes por que te dispões a fazer; se quisesse podia perder o cliente, o pagamento etc.

Bom. O carinha achou que tinha que entrar na minha frente e me mostrar a cama, o armário, a TV, o banheiro, O chuveiro tá na posição verão. Fiquei pensando que ele ia pedir gorjeta, olhei ele nos olhos, Obrigado, já fechando a porta de madeira com “alisar” de perfis de alumínio!? O chaveiro uma placa de madeira que devia ressaltar a rusticidade do local. Deve ser pra não saírem com as chaves.

Então eu olhei em volta. Abri os braços e toquei as duas paredes laterais! O quarto devia ter uns 1,70 m por 2,70 m. O banheiro, paralelo a ele, a mesma extensão e somente 1,00 m de largura. Pia no meio, sanitário com caixa acoplada quebrada e remendada com durepox; a porta abre pra fora que pra dentro mal consigo passar entre a pia de bancada de granito verde Ubatuba e a parede pra ir ao vaso, como assento plástico quebrado, destes que beliscam a bunda da gente; cortina de plástico que não encostava no piso verde musgo igual a todo o resto do hotel, cerâmica até a metade da parede até no box. Janelas todas com vidro jateado muito altas pra mim e fechadas com cortinas tipo blackout.

Ventilador de teto extremamente barulhento que quase decepa minhas mãos quando me espreguicei. Cama de solteiro com colchão daqueles que se sente o estrado nas costas, mesa lateral com 40 cm (não podia ser maior), duas cadeiras (?), criado-mudo, armário cuja porta não abria toda pois batia nos pés da cama e, la pièce de resisténce, TV 14” sem controle remoto!!!

Tinha pouco tempo. Ia banhar e sair pra obra pra dar tempo de analisar o local e conhecer os responsáveis antes do almoço. Tirei o sapato pisando no calcanhar como todo bom gordinho, desabotoei os jeans e foi aí que resolvi sacudir os pés pra perna da calça descer... CRECK! Tasquei o Seu Vizinho no pé da cama! (pode ter feito um barulho diferente, tipo PROCK, TRECK... deu pra captar a mensagem!) Pra não ficar igual comédia pastelão tipo Steve Martin ou Peter Sellers, eu não saí pulando num pé só e quebrei o vaso nem caí pra trás, mas me encolhi e massageei pensando em coisas fofas, CARALHO, QUARTOPEQUENODAPORRA, ☠!!! Ufffff!

Fui beliscar a minha bunda, banhei no chuveiro-elétrico-posição-verão que descobri, jogava um jatinho de água pra cada lado dos poucos furinhos que ainda não estavam entupidos. Usei o sabonetinho do “hotel”, a minha toalha mesmo, me vesti e fui pra obra.

Um comentário:

  1. minha nossa senhora da história trash! doida pra ver o final! será que ainda pode piorar? kkkkkk

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